segunda-feira, maio 21, 2012

ESPECIAL "FALANDO BRASILÊS" Parte 2: gaúches

 
BOCHINCHO
A um bochincho - certa feita,
Fui chegando - de curioso,
Que o vicio - é que nem sarnoso,
nunca pára - nem se ajeita.
Baile de gente direita
Vi, de pronto, que não era,
Na noite de primavera
Gaguejava a voz dum tango
E eu sou louco por fandango
Que nem pinto por quirera.
Atei meu zaino - longito,
Num galho de guamirim,
Desde guri fui assim,
Não brinco nem facilito.
Em bruxas não acredito
'Pero - que las, las hay',
Sou da costa do Uruguai,
Meu velho pago querido
E por andar desprevenido
Há tanto guri sem pai.
No rancho de santa-fé,
De pau-a-pique barreado,
Num trancão de convidado
Me entreverei no banzé.
Chinaredo à bola-pé,
No ambiente fumacento,
Um candieiro, bem no centro,
Num lusco-fusco de aurora,
Pra quem chegava de fora
Pouco enxergava ali dentro!
Dei de mão numa tiangaça
Que me cruzou no costado
E já sai entreverado
Entre a poeira e a fumaça,
Oigalé china lindaça,
Morena de toda a crina,
Dessas da venta brasina,
Com cheiro de lechiguana
Que quando ergue uma pestana
Até a noite se ilumina.
Misto de diaba e de santa,
Com ares de quem é dona
E um gosto de temporona
Que traz água na garganta.
Eu me grudei na percanta
O mesmo que um carrapato
E o gaiteiro era um mulato
Que até dormindo tocava
E a gaita choramingava
Como namoro de gato!
A gaita velha gemia,
Ás vezes quase parava,
De repente se acordava
E num vanerão se perdia
E eu - contra a pele macia
Daquele corpo moreno,
Sentia o mundo pequeno,
Bombeando cheio de enlevo
Dois olhos - flores de trevo
Com respingos de sereno!
Mas o que é bom se termina
- Cumpriu-se o velho ditado,
Eu que dançava, embalado,
Nos braços doces da china
Escutei - de relancina,
Uma espécie de relincho,
Era o dono do bochincho,
Meio oitavado num canto,
Que me olhava - com espanto,
Mais sério do que um capincho!
E foi ele que se veio,
Pois era dele a pinguancha,
Bufando e abrindo cancha
Como dono de rodeio.
Quis me partir pelo meio
Num talonaço de adaga
Que - se me pega - me estraga,
Chegou levantar um cisco,
Mas não é a toa - chomisco!
Que sou de São Luiz Gonzaga!
Meio na volta do braço
Consegui tirar o talho
E quase que me atrapalho
Porque havia pouco espaço,
Mas senti o calor do aço
E o calor do aço arde,
Me levantei - sem alarde,
Por causa do desaforo
E soltei meu marca touro
Num medonho buenas-tarde!
Tenho visto coisa feia,
Tenho visto judiaria,
Mas ainda hoje me arrepia
Lembrar aquela peleia,
Talvez quem ouça - não creia,
Mas vi brotar no pescoço,
Do índio do berro grosso
Como uma cinta vermelha
E desde o beiço até a orelha
Ficou relampeando o osso!
O índio era um índio touro,
Mas até touro se ajoelha,
Cortado do beiço a orelha
Amontoou-se como um couro
E aquilo foi um estouro,
Daqueles que dava medo,
Espantou-se o chinaredo
E amigos - foi uma zoada,
Parecia até uma eguada
Disparando num varzedo!
Não há quem pinte o retrato
Dum bochincho - quando estoura,
Tinidos de adaga - espora
E gritos de desacato.
Berros de quarenta e quatro
De cada canto da sala
E a velha gaita baguala
Num vanerão pacholento,
Fazendo acompanhamento
Do turumbamba de bala!
É china que se escabela,
Redemoinhando na porta
E chiru da guampa torta
Que vem direito à janela,
Gritando - de toda guela,
Num berreiro alucinante,
Índio que não se garante,
Vendo sangue - se apavora
E se manda - campo fora,
Levando tudo por diante!
Sou crente na divindade,
Morro quando Deus quiser,
Mas amigos - se eu disser,
Até periga a verdade,
Naquela barbaridade,
De chínaredo fugindo,
De grito e bala zunindo,
O gaiteiro - alheio a tudo,
Tocava um xote clinudo,
Já quase meio dormindo!
E a coisa ia indo assim,
Balanceei a situação,
- Já quase sem munição,
Todos atirando em mim.
Qual ia ser o meu fim,
Me dei conta - de repente,
Não vou ficar pra semente,
Mas gosto de andar no mundo,
Me esperavam na do fundo,
Saí na Porta da frente...
E dali ganhei o mato,
Abaixo de tiroteio
E inda escutava o floreio
Da cordeona do mulato
E, pra encurtar o relato,
Me bandeei pra o outro lado,
Cruzei o Uruguai, a nado,
Que o meu zaino era um capincho
E a história desse bochincho
Faz parte do meu passado!
E a china? - essa pergunta me é feita
A cada vez que declamo
É uma coisa que reclamo
Porque não acho direita
Considero uma desfeita
Que compreender não consigo,
Eu, no medonho perigo
Duma situação brasina
Todos perguntam da china
E ninguém se importa comigo!
E a china - eu nunca mais vi
No meu gauderiar andejo,
Somente em sonhos a vejo
Em bárbaro frenesi.
Talvez ande - por aí,
No rodeio das alçadas,
Ou - talvez - nas madrugadas,
Seja uma estrela chirua
Dessas - que se banha nua
No espelho das aguadas!
LETRA MÚSICA BOCHINCHO - NETO FAGUNDES 
 
                                                                 DICIONÁRIO GAÚCHO                                                       
ABICHORNADO: triste, adorrecido
BOLICHO: Casa de negócios de pequeno sortimento e de pouca importância. Bodega 
BUGIO: Pelego curtido e pintado, em geral forrado de pano. Animal da Serra 
CUSCO: Cão, cachorro
ESTROPIADO:  Diz-se o animal sentido dos cascos, com dificuldade de andar, em consequência de marchas por estradas pedregosas 
GAUDÉRIO: Pessoa que não tem ocupação séria e vive à custa dos outros, andando de casa em casa; Parasita; Amigo de viver à custa alheia 
GRAXAIM: Guaraxaim, sorro, zorro. Pequeno animal semelhante ao cão, que gosta de roer cordas, principalmente de couro cru e engraxadas ou ensebadas, e de comer aves domésticas. Sai, geralmente, à noite. É muito comum em toda a campanha 
GRENAL:  Confronto entre os times do Grêmio e Internacional 
GUAIPECA: Cão pequeno, cusco, cachorrinho de pernas tortas, cãozinho ordinário, vira-lata, sem raça definida. Pequeno, de minguada estatura. Aplica-se, também, às pessoas, com sentido depreciativo 
GUAIACA: Cinto largo de couro macio, às vezes de couro de lontra ou de camurça, ordinariamente enfeitado com bordados ou com moedas de prata ou de ouro, que serve para o porte de armas e para guardar dinheiro e pequenos objetos 
GURI: Criança, menino, piazinho, serviçal para trabalhos leves nas estâncias 
HARAGANEAR: Andar solto o animal por muito tempo, sem prestar serviço algum
LOMBA: subida, rampa
PEALAR: Prender com o laço pelas mãos ou patas dianteiras o animal que está correndo, atirando-lhe o pealo que o lança por terra. Figuradamente, armar cilada para apanhar alguém em falta, enganar, pegar de surpresa 
PELEAR: Brigar, lutar, combater, pelejar, teimar, disputar 
PELEIA: Peleja, pugilato, contenda, briga, rusga, disputa, combate
PIQUET: Pequeno potreiro, ao lado da casa, onde se põe ao pasto os animais utilizados diariamente 
PONCHO: Espécie de capa de pano de lã, de forma retangular, ovalada ou redonda, com uma abertura no centro, por onde se enfia a cabeça. É feito geralmente de pano azul, com forro de baeta vermelha. É o agasalho tradicional do gaúcho do campo. Na cama de pelegos, 
PORONGO:  Cuia. Recipiente de barro, de louça ou de madeira, usado para se tomar mate 
LÁBIA: Habilidade de conversa 
OIGALÊ:  Exprime admiração, espanto, alegria 
NEGRINHO: Designação carinhoso que se dá a crianças ou a pessas que se tem afeiçã. Nome de doce também chamado de brigadeiro.
REBENQUE:  Chicote curto, com o cabo retovado, com uma palma de couro na extremidade. Pequeno relho 
SESMARIA: Antiga medida agrária correspondente a três léguas quadradas, ou seja a 13.068 hectares. São 3000 por 9000 braças; ou 6.600 por 19.800 metros; ou ainda, 130.680.000 metros quadrados 
TCHÊ: Meu, principalmente referindo-se a relações de parentesco 
TROVA:  conversar, prosear 
VACARIA: Grande número de vacas; Grande extensão de campo que os jesuítas reservavam para criação de gado bovino 
VAREIO: Susto, sova, surra, repreensão 
VIVENTE:  Pessoa, criatura, indivíduo
XUCRO: Diz-se ao animal ainda não domado, bravio arisco 
EXPRESSÕES GAUDERIAS
Acabar com a casca: MATAR
Andar como cachorro que roubou toucinho: Andar ressabiado, arredio, desconfiado. O mesmo que "Andar como cachorro que lambeu graxa" 
Bater a passarinha: Ter palpite, antever um acontecimento 
Bolear a perna: Apeiar-se, descer do animal de montaria 
Botar os cachorros: Atiçar os cachorros. || Em sentido figurado, falar mal de alguém
cerrar a noite. escurecer
De vereda:  Imediatamente, de momento, de uma vez 
Dai tchê: Oi
Dar com os burros n'água: Ser mal sucedido 
Estar com o diabo no corpo:  Estar furioso. Estar insuportável
Ganhar nos pelegos: Ir deitar-se, meter-se na cama 
Ganhar a noite: Desaparecer na escuridão da noite. || Ficar acordado até tarde da noite 
Ir aos pés: cagar
Lamber a cria: Permanecer o pai em casa mimando o filho recém-nascido 
Lançar um pealo: Lançar uma indireta 
Largar de mão: Desistir de um empreendimento. Abandonar. Não se preocupar mais com determinado assunto. "O velho, a conselho do médico, largou de mão o cigarro
                                  CRONOLOGIA HISTÓRICA DO RIO GRANDE DO SUL                             
1492 - Colombo descobre a América, chegando às ilhas da América Central.
1500 - Cabral chega ao Brasil, desembarcando nas costas da Bahia.
1501 - Caravelas portuguesas, primeiro e logo depois as espanholas começam a aparecer nas costas gaúchas, mas sem desembarque, porque as praias eram perigosas e não haviam portos naturais.
1531 - Os navegantes portugueses Martim Afonso de Souza e Pero Lopes, sem desembarcar nas praias gaúchas, batizam com o nome de Rio Grande de São Pedro a barra que vai permitir mais tarde a passagem de navios do Oceano Atlântico para a Lagoa dos Patos.
1626 - O padre jesuíta Roque Gonzalez de Santa Cruz, nascido no Paraguai, atravessa o rio Uruguai e funda o povo de São Nicolau, assinalando oficialmente a chegada do homem branco ao território gaúcho. Na realidade não se sabe quem foi o primeiro branco a chegar aqui, porque nesse mesmo ano, ao visitar o rio Guaíba (Iguaí) o padre Roque já encontrou na região onde hoje está Porto Alegre, navios portugueses comerciando com os índios. Evidentemente, esses navios tinham vindo pelo mar, forçando a barra do Rio Grande e atravessando a Lagoa dos Patos.
1634 - O padre jesuíta Cristobal de Mendoza Orellana (Cristóvão de Mendonça) introduz o gado nas missões Orientais, o que vai justificar mais tarde o surgimento do gaúcho.
1641 - Os jesuítas são expulsos do Rio Grande do Sul pelos bandeirantes depois de fundarem 18 reduções ou povos. Essas aldeias foram todas arrasadas e o gado, um pouco foi escondido na Vacaria dos Pinhais, outro pouco eles levaram para Argentina na sua fuga e a maior parte se esparramou, virando "chimarrão", que quer dizer selvagem. Graças ao padre Cristóvão de Mendonça, esse gado, que não tinha marca nem sinal, ficou também chamado "orelhano".
1680 - Finalmente Portugal resolve marcar presença na região Sul para enfrentar o expansionismo espanhol: Dom Manole Lobo funda a Colônia do Santíssimo Sacramento, que vair ser decisiva para o surgimento do Gaúcho.
1682 - Os bandeirantes estão ocupados com o ouro e as pedras preciosas das Gerais, esquecendo os nossos índios. Voltam então os jesuítas espanhois ao solo gaúcho fundando primeiro São Francisco de Borja, hoje a cidade de São Borja, o mais antigo núcleo urbano do Rio Grande do Sul. Entre 1682 a 1701 eles fundaram 8 povos em território gaúcho, dos quais 7 properaram. São os 7 povos das missões: São Francisco de Borja, São Nicolau, São Luiz Gonzaga, São Miguel Arcanjo, São Lourença Martin, São João Batista e Santo Ângelo Custódio.
1750 - Assinado o Tratado de Madri entre Espanha e Portugal, pelo qual os portugueses dão aos espanhóis a Colônia do Sacramento e recebem em troca os 7 Povos das Missões. Os padres jesuítas espanhóis não se conformam com a troca e os índios missioneiros se revoltam. Vai começar a chamada Guerra das Missões.
1756 - A 7 de fevereiro morre em uma escaramuça o índio José Tiarayu, o Sepé, junto a Sanga da Bica (hoje dentro do perímetro urbano de São Gabriel) morto pelas forças espanholas e portuguesas. Três dias mais tarde ocorre o massacre de Caiboaté (ainda no município de São Gabriel) onde em 1 hora e 10 minutos os exércitos de Espanha e Portugal mataram quase 1500 índios e tiveram apenas 4 baixas. Em Caiboaté foi vencida a resistência missioneira definitivamente. Ao abandonarem as Missões os jesuítas carregaram o que puderam e incendiaram lavouras, casas e até igrejas.
1762 - Assinado o Pacto de Família, que anulou praticamente o Tratado de Madri. Ou seja, os 7 povos continuaram sob o domínio da Espanha e a Colônia de Sacramento continuou portuguesa.
1763 - Tropas espanholas invadem o Brasil apoderando-se do Forte de Santa Tereza e a cidade de Rio Grande e de São José do Norte. No período da dominação espanhola começa a brilhar um herói autenticamente gaúcho. Rafael Pinto Bandeira.
1776 - Os espanhóis são expulsos do Ri Grande. Mas o forte de Santa Tereza jamais foi recuperado. Hoje está em território uruguaio.
1780 - O cearense Domingos José Martins funda em Pelotas a primeira charqueada com características empresariais. Logo as charqueadas vão ser decisivas na economia gaúcha. O negro entra maciçamente no Rio Grande do Sul, como escravo das charqueadas.
1801 - Três heróis rio-grandenses, com pucos seguidores, conquistam para Portugal os 7 Povos da Missões. Aumento em 1/3 o mapa do Rio Grande do Sul. São eles: José Borges do Canto, Manoel dos Santos Pedroso e Gabriel Ribeiro de Almeida.
1808 - Acossada pelas tropas napoleônicas a família real portuguesa foge para o Rio de Janeiro.
1810 - Começa EL AÑO DIEZ, marco da libertação das colônias espanholas da América.
1811 - Pedro José Vieira, vulgo "Perico, el Bailarín", que era gaúcho de Viamão, acompanhado pelo uruguaio Venâncio Benavidez dá o Grito de Asencio, que é o primeiro grito da independência do Uruguai. Surge o herói uruguaio José Artigas.
1815 - Tropas brasileiras e portuguesas tomam Montevidéo anexando o Uruguai ao Brasil com o nome de Província Cisplatina. Nessas Lutas até a independência final do Uruguai aparece e ganha prática e galões Bento Gonçalves da Silva.
1822 - O príncipe português Pedro de Alcântara, da casa de Bragança, proclama a independência do Brasil e é aclamado Imperador, com o nome de Dom Pedro I.
1824 - A 18 de julho desembarcaram em Porto Alegre os primeiros 39 colonos alemães. A 25 de julho eles se instalam nas margens do rio dos Sinos, na Real Feitoria do Linho Cânhamo, hoje a cidade de São Leopoldo.
1827 - A 20 de fevereiro acontece a batalha do Passo do Rosário, onde tropas uruguaias e argentinas, que tinham invadido o Rio Grande do Sul, se enfrentam com tropas brasileiras. Os maiores heróis das 3 pátrias tomaram parte na batalha, onde morreu o Marechal José de Abreu, chamado por seus soldados o "Anjo da Vitória". Apesar das declarações vitoriosas dos dois exércitos, não houveram vencedores.
1828 - É proclamada definitivamente a independência do Uruguai.
1835 - Explode a chamada Revolução Farroupilha. A 20 de setembro, os revolucionários comandados por Bento Gonçalves tomam Porto Alegre, capital da Província. As causas são políticas, econômicas, sociais e militares. A Província de São Pedro do Rio Grande do Sul estava arrasada pelas guerras e praticamente abandonada pelo Império do Brasil, meio desgovernado depois da volta de Dom Pedro I a Portugal.
1836 - A 11 de setembro o coronel farroupilha Antônio de Souza Neto, depois de uma estrondosa vitória sobre as forças imperiais brasileiras no Seival, proclama a República Rio-grandense. Nesse mesmo ano Bento Gonçalves da Silva é aprisionado após batalha da ilha do Fanfa e enviado com muitos oficiais farrapos ao Rio de Janeiro e depois para o Forte do Mar, na Bahia. O governo da nova república se instala em Piratini e Bento Gonçalves da Silva é eleito Presidente. Como está preso, assume em seu lugar José Gomes de Vasconcelos Jardim. Piratini é a Capital.
1837 - Organiza-se o governo republicano. São nomeados Generais: Antônio de Souza Neto, João Manoel de Lima e Silva, Bento Gonçalves da Silva e mais tarde David Canabarro, Bento Manoel Ribeiro e João Antônio da Silveira. Enquanto durou, a República Rio-grandense só se teve estes seis Generais.
1839 - A República parece consolidada, a marinha de guerra está sob o comando efetivo de José Garibaldi, corsário italiano trazido ao Rio Grande do Sul pelo Conde Livio Zambeccari, através da maçonaria. Os farrapos decidem levar a república ao Brasil. Um exército comandado por David Canabarro e apoiado pela Marinha de Garibaldi provlama em Santa Catarina a República Juliana. A capital da República Rio-grandense passa a ser Caçapava.
1841 - A Capital da República Rio-grandense passa a ser Alegrete, onde se instala a Assembléia Nacional Constituinte.
1842 - Bento Gonçalves da Silva, no começo deste ano, se bate em duelo com Onofre Pires, que morre em conseqüência do ferimentos. Após o duelo Bento Gonçalves da Silva entrega o governo e o comando do exército republicano.
1845 - A 28 de fevereiro os farrapos assinam a paz com o Império do Brasil no acampamento do Ponche Verde, em Dom Pedrito. O Rio Grande do Sul volta a fazer parte do Brasil.
1847 - Morre Bento Gonçalves da Silva, em Pedras Brancas, hoje Guaíba. O grande herói gaúcho estava pobre e doente quando terminou a Guerra do Farrapos.
1851 - Antigos farrapos, ao lado de seus ex-inimigos, agora todos fazendo parte do exército imperial brasileiro, derrotam o ditador Rosas da Argentina.
1852 - Nesse ano aparece a primeira pesquisa sobre o folclore gaúcho, uma coleção de vocábulos e frases organizados por Antônio Alvares Pereira Coruja.
1857 - Intelectuais gaúchos imigrados na Corte, fundam no Rio de Janeiro a primeira entidade tradicionalista gauchesca, a Sociedade Sul-rio-grandense, que existe até hoje.
1864 - Os gaúchos tomam parte na invasão do Uruguai e na derrota de Oribe.
1865 - Em conseqüência da guerra no Uruguai, o ditador paraguaio Francisco Solano Lopes, declarando guerra ao Brasil, invade o Rio Grande do Sul, em São Borja. Começa a chamada Guerra do Paraguai. Nesse mesmo ano o Brasil faz a aliança com o novo governo uruguaio e com a Argentina, sendo os paraguaios invasores cercados em Uruguaiana, onde se rendem às tropas da Tríplice Aliança.
1868 - Funda-se em Porto Alegre a Sociedade Partenon Literário, decisiva para o regionalismo gauchesco. Entre seus grandes nomes Caldre e Fião, Apolinário Porto Alegre, Taveira Junior e Múcio Teixeira.
1869 - Começa o movimento messiânico dos Mukers, em Sapiranga, liderado por Jacobina Maurer.
1870 - Termina a Guerra do Paraguai com a morte de Francisco Solano Lopes. Mais de 1/3 das tropas brasileiras é constituída por gaúchos, inclusive velohs heróis de 35, como Daivd Canabarro e Antônio de Souza Neto.
1874 - Os Mukers, depois de três ataques do exército brasileiro e da Guarda Nacional, são finalmente afogados em um banho de sangue, vencida a resistência.
1875 - Começa a imigração italiana no Rio Grande do Sul. Como os imigrantes alemães já tinham ocupado os férteis vales fluviais os italianos passam a ocupar as encostas da Serra.
1880 - Começa no Rio Grande do Sul a propagando republicana brasileira, aproveitando os antigos símbolos do republicanismo farrapo.
1888 - A abolição da escravatura é proclamada no Brasil quando já no Rio Grande do Sul não existia mais escravo. O negro veio para o pampa em 1726, com a frota de João de Magalhães. O escravo foi mão de obra indispensável nas charqueadas. Como voluntário e liberto lutou com grande bravura na Revolução Farroupilha. Como escravo e bucha de canhão lutou galhardamente na Guerra do Paraguai. Um dos maiores heróis da marinha brasileira foi um fuzileiro negro, gaúcho de Rio Grande, chamado Marcílio Dias.
1889 - É proclamada a República no Brasil. No Rio Grande do Sul o homem do momento é Júlio de Castilhos. O Partido Republicano Rio-grandense, que não esperava a proclamação tão cedo, não estava preparado para assumir o poder. O Rio Grande do Sul, com a República, deixa de ser Província e passa a ser Estado.
1893 - Começa a Revolução Federalista contra o Governo Republicano chefiado por Júlio de Castilhos. Do lado dos revolucionários, tomaram parte na Revolução de 93 muitos uruguaios, alguns dos quais do Departamento de San José, os chamados "Maragatos". Aos poucos este termo foi sendo usado para designar todos os revolucionários que usavam como símbolo o lenço vermelho ao pescoço. Os guerrilheiros que lutaram a favor do governo usavam o lenço branco (mais raramente o verde) e usavam às vezes uma farda azul com gorro da mesma cor encimado por uma borla vermelha. Por isso, foram chamados de Pica-Paus.
1894 - Funda-se em Montevidéo, no circo dos irmãos Podestá, a Sociedade La Criolla, entidade tradicionalista que existe até hoje.
1895 - Assinada a paz entre Pica-Paus e Maragtos termina a chamada Revolução de 93, que foi sangrenta e brutal, com muitas degolas.
1897 - É finalmente vencida a resistência de Canudos, na Bahia, onde Antônio Conselheiro, com seus jagunços, estava enfrentando com êxito o exército brasileiro. A vitória só é alcançada com uma carga de lança dos cavalarianos gaúchos do Coronel Carlos Teles, de Bagé.
1898 - Funda-se em Porto Alegre, a 22 de maio, o Grêmio Gaúcho, cujo líder é o Major João Jacques, que buscou a inspiração na Sociedade "La Criolla", de Montevidéo. O Grêmio foi a primeira entidade tradicionalista no Rio Grande do Sul. Existe até hoje, embora tenha perdido o seu caráter tradicionalista. Graças ao seu pioneirismo, o Major João Cezimbra Jacques é hoje, Patrono do Tradicionalismo do Rio Grande do Sul.
1899 - A 10 de setembro é fundada em Pelotas a União Gaúcha. Seu grande líder é o genial escritor Simões Lopes Neto. Depois de muitos anos a União paralisou as suas atividades e ressurgiu com atual surto tradicionalista adotando o nome União Gaúcha J. Simões Lopes. A 16 de setembro funda-se em Bagé o Centro Gaúcho, de vida efêmera.
1901 - A 19 de outubro funda-se em Santa Maria o Grêmio Gaúcho, inspirado na entidade de mesmo nome fundada em Porto Alegre pelo santamariense Cezimbra Jacques.
1902 - O movimento messiânico conhecido como "Os Monges do Pinheirinho", em Encantado é massacrado pela Brigada Militar.
1917 - Funda-se o primeiro frigorífico no Rio Grande do Sul, aproveitando a oportunidade econômica aberta pela I Guerra Mundial. Os frigoríficos, a rigor, vieram substituir as antigas charqueadas.
1923 - No começo do ano a Aliança Liberal, chefiada por Assis Brasil, deflagra uma revolução contra o Governo Republicano de Borges de Medeiros. Novamente lutam nas coxilhas gaúchas, maragatos e governistas, mas estes, agora, são chamados "chimangos". A paz só é alcançada no fim do ano no Castelo de Assi Brasil, em Pedras Altas, Pelotas.
1924 - Jovens tenentes liderados pelo Capitão Luiz Carlos Prestes levantaram nas Missões militares civis contra o governo brasileiro, de Artur Bernardes. Vai começar a odisséia da Coluna Prestes. Poucos anos depois a Brigada Militar viajará até de navio para o nordeste brasileiro a fim de ajudar na caçada da "Coluna Invicta".
1926 - A Coluna Prestes continua sua marcha invicta pelos sertões brasileiros. Em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, os irmãos Etchegoyen levamtam militares e civis em armas contra o governo. Apesar de vitórias inicias o movimento se dissolve sem maiores conseqüências.
1928 - Registram-se movimentos armados em Bom Jesus.
1930 - Chimangos e maragatos marcham lado a lado na revolução que derruba o presidente brasileiro Washington Luiz e colocar no poder Getúlio Vargas. Os gaúchos amarram os cavalos no obelisco da Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro, Capital da República.
1932 - Revolta em São Paulo e no Rio Grande do Sul contra o Governo de Getúlio Vargas. Em Santa Maria e em Soledade, o movimento messiânico conhecido como "Os Monges Barbudos do Lagoão".
1937 - O Rio Grande do Sul tenta resistir à ditadura de Getúlio Vargas mas o Presidente de Estado, Flores da Cunha, prefere evitar o banho se sangue e se asila em Montevidéo. Instaurada a ditadura varguista, o Rio Grande do Sul, como os outros Estados brasileiros, tem proibidos os seus símbolos: a bandeira, o hino e o brasão.
1938 - A 31 de janeiro é fundada em Lomba Grande a Sociedade Gaúcha Lomba-grandense, entidade tradicionalista que, com atuação ininterrupta, existe até os nossos dias.
1943 - Tropas gaúchas, inclusive voluntárias, vão lutar na Itália contra as forças nazistas. Inúmeros gaúchos são condecorados por bravura em combate, inclusive integrantes do a 1º Batalhão de Caças da FAB, os "Avestruzes". Em Ijuí, a 12 de outubro, é fundado o Clube Farroupilha, para a defesa das ameaçadas tradições gaúchas. Sem interromper as suas atividades o Clube Farroupilha, agora já com forma de CTG, está mais forte de que nunca.
1945 - Como um dos aliados, o Brasil é vencedor da II Guerra Mundial. Pela primeira vez é um país rico! O ditador Getúlio Vargas é derrubado, volta a democracia e o Rio Grande do Sul recupera os seus símbolos estaduais.
1947 - O Rio Grande do Sul, como o Brasil inteiro, está sob bombardeio cultural estrangeiro. O gaúcho é ignorado e até desprezado. Em setembro 8 cavalarianos comandados por Paixão Côrtes, escoltam os restos mortais do General David Canabarro pelas ruas de Porto Alegre. É o primeiro grito de revolta da mocidade gaúcha em defesa das nossas tradições e que tem larga repercussão. Nesse mês realiza-se no Colégio Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, a 1ª Ronda Farroupilha, com o acendimento do Candeeiro Crioulo, fandango, escolha da 1ª Prenda e escolha dos gaúchos melhor pilchados. A 1ª Ronda Crioula da história do Tradicionalismo foi também a mais longa: da zero hora do dia 8 até a meia-noite do dia 20 de setembro.
1948 - A 24 de abril funda-se em Porto Alegre o "35" Centro de Tradições Gaúchas. Glaucus Saraiva, que dá a entidade a estrutura de uma estância simbólica, é leito primeiro Patrão. O "35" CTG forneceu o modelo às demais entidaes tradicionalistas, deflagrando um autêntico Movimento, influindo até mesmo nas entidades anteriores, como a União Gaúcha, a Sociedade Gaúcha Lomba-grandense e o Clube Farroupilha.
1954 - Instala-se em Porto Alegre, como um órgão da Secretaria da Educação e Cultura, o Intituto de Tradição e Folclore, sob a direção do Dr.Carlos Galvão Krebs. Nesse mesmo ano realiza-se em Santa Maria o I Congresso Tradicionalista do Rio Grande do Sul.
1956 - Funda-se e, Porto Alegre a Estância da Poesia Crioula, Academia de Letras do gauchismo.
1974 - Por iniciativa de Glaucus Saraiva, é criada a Fundação Gaúcho de Tradição e Folclore, incorporando o acervo do ITF, que estava com as suas atividades paralisadas desde alguns anos. 

 HINO DO RIO GRANDE





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