Começamos hoje, sábado, com uma ótima notícia àqueles que pretendem cursar vestibular no fim do ano.
VAMOS AJUDA-LOS, CAROS ESTUDANTES.
Afina, adoramos sua companhia aqui no site. E se você for um vestibulando, ou apenas um curioso e quer aprender, veio ao lugar certo, pois aos sábados e domingo iremos postar conteúdos didáticos para você estudar e depois navegar pelo site do DENTRO DE GARRAFA.
JÁ PRA ESTREIA ESTAMOS APRESENTANDO UM DOS CONTEÚDOS MAIS DÍFICEIS DE SE ESTUDAR. HISTÓRIA.
BOM ESTUDO E ATÉ AMANHÃ.
DITADURAS DA AMÉRINA LATINA
PARAGUAI, URUGUAI, ARGENTINA E CHILE
GUERRA FRIA - As ditaduras da América Latina
Com a guerra fria
aparece o componente ideológico e a participação ativa das ditaduras militares
nos governos da América Latina. Em Cuba, no Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai
e Brasil. Na América Latina, a história é recheada de ditaduras, golpes e contra
golpes, revoluções e contra-revoluções.
O principal é o
caudilhismo, que consiste na glorificação de um líder e na construção de um
partido em torno dele e não de convicções políticas, ou ideologia. Depois, com
a polarização causada pela guerra fria, ficou claro que esta desculpa fora
utilizada para manter os ditadores no poder. Entre tantas personagens, se
destacaram Antonio López de Santa Anna e José Antonio Páez, no México;
Francisco Solano López e Dr. Francis, no Paraguai. Na Venezuela, com Juan Vicente
Gómez cuja ditadura foi extremamente tirânica, entre outras tantas que surgiram
em todo o continente.
Ditadura na Argentina 1966 – 1973 e 1976 - 1983
Na Argentina, temos
Juan Manuel de Rosas, Juan Domingo Perón, além dos militares, que fizeram da
ditadura argentina um sistema extremamente controlador e tirânico, além de
terem causado a Guerra das Malvinas contra a Inglaterra. Rosas e Perón eram
militares mas não ditadores. Nos anos de Rosas ainda não havia governo federal baseado
em uma constituição. E Perón foi eleito democráticamente.
Primeiro Período – Ditadura Argentina (1966 -1973)
O primeiro período
denominado Ditadura Argentina começou
com o golpe de estado que derrubou o presidente
constitucional da Argentina, Arturo Illia, em 28 de junho de 1966. Desse modo,
começou um novo período de governos militares que resultaria na volta do
peronismo ao poder em 1973. A ditadura argentina se autodenominou
Revolução Argentina.
Durante esses anos, o
país foi regido pelo Estatuto da Revolução
Argentina, alçado ao mesmo nível jurídico da Constituição Nacional. As
expectativas de um prolongado governo dos militares golpistas estavam
refletidas em uma de suas mais repetidas palavras de ordem, "a Revolução Argentina tem objetivos, mas não prazos". Os
partidos políticos foram proibidos, assim como todo tipo de participação
política por parte dos cidadãos; vigorou de forma quase permanente o estado de
sítio e viram-se cortados direitos civis, sociais e políticos.
- General Juan Carlos Ongania (1966 – 1970): Três
gestões dividiram esse período. A primeira ficou conhecida como o Onganiato, presidida pelo general Juan
Carlos Onganía, cabeça do golpe e representante da velha facção azul do Exército
Argentino. Onganía governou de junho de 1966 a junho de 1970, quando teve que
entregar o poder debilitado por protestos, como o Cordobazo. Durante sua gestão foram adotadas uma grande quantidade de
medidas econômicas que tendiam a liberar os mercados e facilitar o caminho para
a introdução de grandes monopólios internacionais, ao mesmo tempo que eram suprimidos importantes
direitos de associação e reprimidas as greves e atividades proletárias. Do
mesmo modo, o Onganiato foi caracterizado por uma marcada intolerância e desprezo
para com as então prestigiadas
universidades argentinas.
- General Roberto Marcelo Levingston (1970 – 1971): Em
junho de 1970, o presidente militar Onganía foi substituído pela Junta de
Comandantes em Chefe, designando para seu lugar o general Roberto Marcelo
Levingston, um desconhecido militar da inteligência que então desempenhava
ignóbeis funções nos Estados Unidos, e que governou até março de 1971. Sem
poder controlar a rarefeita situação política, social e econômica do país,
Levingston foi, por sua vez, substituído pelo próprio Comandante em Chefe do
Exército e homem forte da Revolução Argentina, o general Alejandro Agustín
Lanusse.
- General Alejandro Agustín Lanusse (1971 – 1973): Esse
novo presidente governou de março de 1971 a maio de 1973, e, à semelhança de
seus predecessores, seu período de governo foi visto com grande antipatia e
repúdio por parte da população. Sua gestão se caracterizou por um grande
investimento em importantes obras de infraestrutura nacional (estradas, pontes,
represas, etc.).Em 1973, convocou
eleições gerais. Nas eleições, foi eleito Héctor José Cámpora (Frente
Justicialista de Liberación), nome que naquela ocasião o Partido Justicialista
usou, sob a tutela do próprio Perón. O slogan
mais eloquente e relembrado do FreJuLi era "Cámpora ao Governo, Perón ao poder".
Segundo Período – Ditadura Argentina (1976 -1983)
- General Jorge Rafael Videla (1976-1981): Chegou
ao poder em um golpe de estado que derrubou a presidente María Estela Martínez
de Perón, exercendo uma cruel ditadura. Seu período esteve marcado por
violações aos direitos humanos e por um conflito fronteiriço com Chile, que
esteve a ponto de virar um conflito armado. Depois da restauração da democracia,
foi julgado e condenado a prisão perpétua e destituição da patente militar por
numerosos crimes cometidos durante seu governo.
Pinochet e Videla.
Em março assumiu a
Presidência da Nação, que ocuparia até ser substituído pelo general Viola em
1981, pelo forte desgaste público de sua imagem e desavenças no seio da cúpula
militar.
A Copa do Mundo de 1978 foi o cenário ideal
para que a ditadura tentasse ganhar o respaldo popular. O triunfo da Seleção permitiu
a Videla, receber a aclamação da multidão congregada no Estádio do River Plate,
ao entregar a Copa à equipe argentina.
- General Leopoldo Galtieri (1981-1982): Em seu
governo, decidiu-se pela invasão das Ilhas Malvinas, sob ocupação britânica
desde o século XIX. O resultado foi a Guerra das Malvinas, que terminou com a
derrota da Argentina, e o saldo oficial de 649 mortos do lado argentino e 258
do lado britânico. A derrota na guerra precipitou o final da ditadura militar
argentina.
Guerra das Malvinas
Desencadeada em abril
de 1982 pela Argentina, ao ocupar militarmente as ilhas Malvinas (Falkland),
Geórgias e Sanduíche do Sul, sob soberania britânica. Na origem da guerra está
a tentativa do regime militar argentino de unificar a nação a seu redor por
meio de uma ação patriótica, devido à crise política e econômica que se
encontrava a Argentina naquele momento. As ações militares britânicas têm
início três dias depois da invasão, com a utilização da Marinha e da aviação de
longo alcance. A superioridade militar britânica ocorre em todos os terrenos da
guerra naval, aérea e terrestre. Os Estados Unidos dão apoio diplomático e
militar ao Reino Unido. O serviço de inteligência militar norteamericano mantém
as tropas britânicas permanentemente informadas das ações militares argentinas.
Os países da América Latina mantêm uma neutralidade passiva. As tropas
argentinas capitulam em 14 de junho de 1982. O fim da guerra é seguido pela
renúncia do general Leopoldo Galtieri e manifestações contra a ditadura.
- General Reynaldo Bignone (1982 – 83): Em
Buenos Aires, a rendição argentina fez desabar o mundo. Os oficiais das três
patentes deixaram de ser vistos como heróis para serem apontados como
aventureiros que jogaram o país numa guerra para o qual não estavam preparados.
A desmoralização permitiu que a democracia e o poder civil fossem restaurados.
Galtieri renunciou e deu lugar ao General Bignone, que redemocratizou a
Argentina convocando eleições presidenciais. Entre 1983 e 1984, no mandato do
presidente Raúl Alfonsín, foi criada a Comissão Nacional sobre o Desaparecimento
de Pessoas, cuja investigação abriu as portas para o julgamento dos militares
da ditadura argentina.
Ditadura no Chile 1973 - 1990
11 de Setembro de 1973:
chove sobre Santiago – Presidente Allende.
Chile: a derrubada da democracia (de Allende a Pinochet)
No dia 11 de setembro
de 1973, as Forças Armadas chilenas (60 mil homens) comandadas pelo o general Augusto
Pinochet, com o apoio dos Carabineiros (30 mil homens), deu um dos mais
violentos golpes militares da história latino-americana. O Presidente Salvador
Allende, eleito dois anos e dez meses antes, viu-se sitiado no Palácio de La
Moneda pelas tropas e pela aviação golpista. Percebendo a inutilidade da
resistência e para evitar mais derramamento de sangue, Allende matou-se. Com
este gesto dramático encerrou-se tragicamente a experiência da implantação do
socialismo pela via democrática-parlamentar numa sociedade de tradição
ocidental. Para o Chile iniciava-se uma longa ditadura militar que só
encerrou-se 17 anos depois quando, em 1990, na onda mundial das democratizações,
o general Pinochet, derrotado num plebiscito, retirou-se do poder; determinando
que as armas cedessem o poder à toga, devolvendo a presidência a um político
eleito pelo povo. A vitória da Unidade Popular
O cenário político
chileno quase nunca se sintonizou com o dos seus vizinhos. Nem com os
argentinos nem com os peruanos ou bolivianos. O Chile até 1973 sempre teve um
perfil partidário europeu, desconhecendo a existência de partidos populistas,
como também ferozes ditaduras militares. Entre os chilenos imperou quase sempre
uma situação marcadamente ideológica, onde cada classe social ajustava-se a um
partido: os ricaços e os grandes fazendeiros agrupavam-se no conservador
Partido Nacional, a classe média na Democracia Cristã, e os operários e os intelectuais
dividiam-se entre os socialista e os comunista. Em 4 de setembro de 1970,
depois de varias tentativas anteriores fracassadas, as esquerdas conseguiram unir-se, lançando um candidato em comum à
presidência da república: Salvador
Allende, um senador militante do Partido Socialista chileno. Para
alcançar o objetivo 6 partidos integraram-se na Unidade Popular (os mais importantes eram o partido socialista, o comunista, o radical e o MAPU, uma
dissidência da democracia cristã). Como um aliado inconveniente da UP, mantido à distância, existiam os extremistas do MIR (Movimiento de la Izquierda Revolucionária), uma
agrupação guevarista que advogava “a luta armada”. Allende não recebeu a
maioria consagradora (36,2%), sendo confirmado pelo Congresso chileno pelo voto
da Democracia Cristã.
A via chilena para o socialismo – A vitória de Salvador Allende -
1970.
O primeiro ano de
governo da UP foi o da aplicação do Plano Vuskovic que estimulou uma alta
salarial que chegou a 55%, adotada para expandir a industria nacional que
operava com enorme capacidade ociosa. Conjugaram-na com um aumento dos gastos
públicos que atingiu a 66% a mais do que o governo anterior. A idéia era de que
a ampliação do mercado consumidor - formado por trabalhadores bem remunerados -
induziria os empresários a investirem na produção. Ao mesmo tempo os
socialistas esperavam que o bom padrão de vida que ofertavam aumentaria as
bases políticas do que chamavam de “a via chilena para o socialismo”. Com a
adesão da classe média pensavam em atingir a estabilidade necessária a sua
sobrevivência. Esta linha de ação contava com o apoio dos socialistas-allendistas
e dos comunistas de Luís Corvalán, os mais moderados integrantes da frente, mas
não com o do influente senador Carlos Altamirano que, apesar de militar entre
os socialistas, defendia a “via leninista”, ou “insurgente,” para tomar o
poder. Passados doze meses do Plano Vuskovic verificou-se que os investimentos
na economia não se realizaram.
Um dos motivos deveu-se a que os extremistas
estimularam os trabalhadores chilenos a apropriarem-se das fábricas, recorrendo
a um sofisma legislativo chamado de “resquícios legais”, afim de “criar o poder
popular”. No campo a situação não diferiu. Uma onda de invasões de terras levou
à paralisação da agricultura e a uma alta geral dos gêneros alimentícios,
estimulando o crescimento do mercado negro. Simultaneamente, Allende
nacionalizou a mineração e outros setores considerados fundamentais para
chegarse ao socialismo, o que abriu contra ele um outro fronte de luta com as
multinacionais.
Entre 1972-73 a
economia chilena literalmente parou.
A tensão social aumentou enormemente e os
conflitos entre os operários e os outros setores sociais se ampliaram. A
escassez geral, as filas, o mercado negro, fizeram com que as classes médias
abandonassem qualquer simpatia que anteriormente tivessem pelo regime ou pelo
ordenamento democrático. O resultado político disto foi a passagem da
Democracia Cristã para a oposição extremada, golpista. As classes médias ao
voltarem suas costas para Allende, estimularam sua derrubada.
Síntese do Programa Geral da UP
1- Política de
redistribuirão de renda (no Chile 2% da pop. detinham 46% da renda)
2- Nacionalização da
grande industria, especialmente da mineração de cobre
3 -Ampliação e expansão
da reforma agrária
4- Aproximação
diplomática e econômica com os países socialistas e comunistas
As forças da oposição
“O delicado sátrapa conversa com taças, pescoços e cordões de
ouro. O pequeno palácio brilha com um relógio e os rápidos risos enluvados atravessam às vezes os
corredores e se reúnem às vozes mortes e às bocas azuis frescamente enterradas.”
Pablo Neruda - Canto Geral, VI, 1950
Uma das razões mais
amplas do fracasso da “via chilena para o socialismo” deveu-se ao quadro
mundial de então. Vivia-se em plena Guerra Fria e os Estados Unidos engajado na
Guerra do Vietnã não podiam aceitar tranquilamente a existência de um regime
socialista na sua área de influência. Esta foi a razão de Henry Kissinger, assessor
do presidente Richard Nixon, ter dito que o governo americano “não podia ficar
parado aguardando um pais tornar-se comunista devido a irresponsabilidade do
seu povo”. Além disso a política das nacionalizações e estatizações adotada
pela UP (O Estado chegou a controlar 60% da economia nacional) feria os
interesses das grandes corporações americanas, como no caso da ITT, um empresa
telefônica e de comunicações que passou a pressionar o governo Nixon “a tomar
providências”. Não demorou muito para que o Chile se encontrasse submetido a um
bloqueio informal (como Allende denunciou num dramático discurso na ONU). Não
conseguindo empréstimos internacionais e nem bons preços para o cobre, o seu
principal produto de exportação.
A estratégia americana foi sufocar
gradualmente a economia chilena até que um levante das Forças Armadas pusesse
fim a “via chilena para ao socialismo”, ou como disse o embaixador americano em
Santiago: “não permitiremos que nenhuma noz nem mesmo um parafuso venha a
enriquecer o Chile de Allende”. Richard Nixon no seu despacho ao Departamento
de Defesa fora enfático: “Há uma chance em dez, mas salvem o Chile, façam a
economia guinchar!” Entrementes o quadro latino-americano que o cercava também
era hostil a Allende. Nos anos de 1970, na América do Sul inteira, apenas o
Chile, a Colômbia e a Venezuela mantinham Estados de Direito com governantes eleitos
pelo povo. Solidariedade e simpatia socialista ele só obteve de Fidel Castro
cujo auxilio prático era nenhum. O Brasil, a Argentina, o Paraguai, a Bolívia,
o Peru, o Equador e logo o Uruguai, encontravam-se ocupados por regimes militares.
Também pesou na derrubada de Allende, o sucesso econômico do ditadura do
general Médici (1969-74) que fez com que o Brasil tivesse um crescimento entre
9 a 11% anuais, estimulando com seu exemplo, de Estado Autoritário,
anti-comunista e antidemocrático, a que os militares chilenos arriscassem
implantar um modelo similar.
Mas o fator fundamental
que levou ao golpe militar foi o quadro interno. O descalabro econômico que
atingiu o governo da UP fez com que a inflação saltasse para patamares
desconhecidos na história do Chile (em 1971 a inflação foi de 22,1%: em 1972
aumentou para 163,4%, e, no ano do golpe, em 1973, atingiu o clímax com
381,1%), fazendo com que O PNB sofresse, neste tempo, uma queda de 9,0
(positivo) para - 4,2 (negativo).
As próprias bases políticas da UP manifestaram
o seu desconforto com a greve da mina El Teniente e o protesto estudantil
demonstrado contra a ENU (Escola nacional Unificada: um plano do Ministro da
Educação que visava um padrão comum, baseado em valores socialistas, para toda
a educação, e que foi apontado como uma tentativa de doutrinar os estudantes).
Neste clima de enfrentamento, tanto a esquerda extremista como a extrema-direita
do “Patria y Libertad” mobilizaram-se. Os integrantes do MIR fizeram chegar ao
Chile armas soviéticas vindas de Cuba, enquanto os direitistas articulavam-se
com a CIA (a agencia americana gastou U$ 12 milhões de dólares financiando
greves, especialmente a dos caminhoneiros) e com setores militares. Por toda a
parte multiplicavam-se os atentados e assassinatos, e as greves gerais não
paravam de eclodir.
O Pinochetaço – 11 de setembro de 1973
“Cada povo com suas dores, cada luta com seus tormentos, mas vinde
aqui dizer-me se entre os sanguinários, entre todos os desmandados déspotas,
coroados de ódio, com cetros de látegos verdes, foi algum como o do Chile?” Pablo Peruda - Canto Geral, V, 1950
Em agosto de 1973, um
mês antes do desenlace, com a intermediação do arcebispo do D. Raúl Silva Henríquez, tentou-se um
último acordo entre as duas principais lideranças civis do pais, o presidente Salvador Allende e o líder da Democracia
Cristã, o senador Patrício Aylwin. Mas a esta altura era tarde. A classe média,
o empresariado e os proprietários em geral, havia rompido com a UP, apostando
suas esperanças num golpe salvador que contaria com irrestrito apoio dos
E.U.A.. Reflexo disto era a aberta campanha feita pela imprensa, liderada pelo
jornal El Mercurio (que inicialmente chegou a apoiar a UP) que exigia a
imediata saída de Salvador Allende: “Renuncie! Hagalo por Chile”; sua manchete
do dia 6 de setembro de 1973 dizia tudo. Os militares atiçados por todos os
lados finalmente puseram-se em marcha. O general Pinochet chegara ao comando
supremo depois da renúncia do general oficialista Carlos Prats, um militar
constitucionalista que se negou a participar de qualquer golpe (Prats foi
assassinado pela DINA, a policia secreta pinochetista, uns anos depois no seu exílio
em Buenos Aires).
Em poucas horas as
Forças Armadas conseguiram submeter o governo da UP. Allende, resistindo só no palácio presidencial,
era o retrato vivo do isolamento em que se encontrava o seu regime nos seus
dias finais.
Abandonado
diplomaticamente pelo mundo ocidental, desprezado pelos governos militares seus
vizinhos e impotente em deter as forças golpistas dentro do seu próprio pais,
só lhe restou cair como mais um mártir da democracia: “Eu não resignarei” disse
ele, “estou pronto para resistir sejam quais forem os recursos mesmo que custe
a minha vida, isto servirá de lição nesta ignominiosa história destes que têm a
força mas não a razão.” A violência com que o golpe se deu deveu-se em grande
parte à enorme tensão social porque o país passou depois ter sofrido por quase
três anos de uma terrível pressão coletiva que, diga-se, começou antes mesmo da
confirmação de Allende.
Dois dias antes a sua posse, em 22 de outubro de 1970,
o general René Schneider, então comandante supremo, foi assassinado para
tumultuar a ascensão do socialista ao poder (a morte do general constitucionalista,
considerado demasiadamente “neutro” pelos americanos, foi articulada pela CIA
que forneceu as armas para um grupo de extrema-direita, chefiado pelo general
da reserva Roberto Viaux). Morto Allende, foi a vez das suas bases sofrerem o
peso da repressão. Lideres sindicais, políticos, intelectuais, ativistas e
militantes das diversas organizações esquerdistas, foram detidos e levados
presos para o Estado Nacional de Santiago.
Lá, depois de identificados, muitos foram sumariamente fuzilados, torturados ou
mutilados pelos militares. Nas ruas das principais cidades os suspeitos, por
vezes, eram passados pelas armas. A tortura rotinizou-se. A vida da população
sofreu uma alteração brusca. Severos toques de recolher eram acompanhados de
batidas policiais por quarteirões inteiros. A formação prussiana dos militares
chilenos revelou sua eficiência e crueldade ao procederam com os caídos e os
derrotados.
Não satisfeitos em
liquidar com a oposição interna, o general Pinochet estimulou a execução da
Operação Condor (com a colaboração dos militares, argentinos, uruguaios,
bolivianos e paraguaios, com participação dos brasileiros limitadas à trocas de
informações) que implicou na eliminação física dos seus adversários no exterior
(além do General Carlos Prats, foi morto Orlando Letelier, um ex-embaixador chileno
exilado em Washington D.C.). A violência da ditadura do general Pinochet
(atribui-se a ela a morte ou o desaparecimento de 3.197 pessoas e mais um
número incerto, mas bem maior de torturados) fez com que o seu nome fosse
mundialmente associado ao terror estatal sem contemplação, a um fabricante de
tormentos, tornado-se, como diria Pablo Neruda (morto no próprio dia do golpe),
num dos “Bruxos da América”,
os que “ matam os metais da ressurreição, fecham as portas e entrevam a morada
das aves deslumbradoras”.
O Chile, que durante
muito anos foi apontado como uma raridade na América do Sul devido a sua
estabilidade política (os militares fizeram uma curta intervenção em 1924-5),
passou a ser visto durante uns tempos como um vasto campo de concentração, bem
longe do que Neruda dizia idilicamente do seu pais ser “uma longa pétala de
mar, com vinho e neve”.
Conclusões
O regime militar
chileno destacou-se dos suas congêneres sul-americanas por ser eminentemente
personalista. Foi acima de tudo a ditadura de Pinochet. Apesar dele não
depender de nenhum partido civil, o Partido Nacional devotou-lhe amplo apoio.
Ideologicamente poderíamos defini-lo como de direita tradicionalista-católico,
inspirado no regime do general Franco da Espanha (1936-1975), marcadamente
antidemocrático e anti-comunista. O general teve a seu favor o amplo apoio dos
Estados Unidos que chegaram a lhe enviar, em 1975, uma equipe de economistas do
MIT, os Chicago’s boys, seguidores de Milton Friedman, o economista neoliberal
que orientou a desmontagem do estado intervencionista existente desde os anos
de 1930. O sucesso econômico do regime Pinochet é que faz com que ele ainda
mantenha uma boa base de apoio e simpatia interna, especialmente entre as
classes médias superiores e os ricos, permitindo-lhe adotar a estratégia do abandono
gradual do poder desde que ele foi eleitoralmente derrotado num plebiscitos. Ao
transmitir o poder a Patrício Aylwin ele garantiu para a si mesmo o cargo de
senador vitalício, o que impede que os atingidos pela repressão e seus familiares
encontrem um modo legal de processá-lo. Mas isto não impediu que sua pessoa
fosse internacionalmente apontada como
mais um cruel ditador latinoamericano, do porte dos grandes tiranos do
continente, um “sangrador da pátria”, um homem que chega ao poder escalando
sobre os cadáveres do seu próprio povo, escorregando no sangue dos seus
conterrâneos.
Ditadura no Paraguai 1954 - 1989
Alfredo Stroessner Matiauda - Mandato: 1954 – 1989
Stroessner tornou-se
comandante do exército paraguaio e em 1954 alcançou o posto de
general-de-divisão, tirando Federico Chávez da presidência com um golpe de
estado militar. Stroessner tornou-se presidente e foi reeleito, em pleitos
marcados pela fraude, por 7 mandatos consecutivos (em 1958, 1963, 1968, 1973,
1978, 1983 e 1988), desfrutando por 35 anos do mais longo governo na América Latina, no século XX,
depois de Fidel Castro.
Como presidente,
Stroessner foi um líder que trabalhava até à madrugada e se diz que nunca tirou
férias em seu governo, assim como que teria defendido tenazmente os interesses
norte-americanos, até o momento em que começou o boicote de Ronald Reagan a seu
regime. Foi muito respeitado por sua política de pagamento da dívida externa.
Também demonstrou muita simpatia pelos ex-nazistas, tendo dado a vários deles asilo
no país, inclusive ao dr. Josef Mengele, o que rendeu a Stroessner muitas
críticas. Em 1989, após 35 anos de governo, Stroessner foi derrubado por um
golpe de Estado, liderado pelo general Andrés Rodríguez, seu co-sogro, sendo
expulso para o Brasil, onde viveu exilado até sua morte. Os 35 anos de ditadura
militar de Alfredo Stroessner terminaram em 1989 e, apesar de um aumento
marcado nas lutas políticas internas em anos recentes, têm tido lugar desde
então eleições presidenciais relativamente livres e regulares.
Fim do domínio colorado
Nas eleições de 2008, o
candidato Fernando Lugo, um ex-bispo católico que obteve vantagem de quase dez pontos
percentuais sobre a candidata colorada (Blanca Ovelar), venceu as eleições. Ele
representa uma coalizão ampla da qual participam vários partidos e movimentos
sociais, misturando liberais, socialistas, organizações de agricultores, sindicatos
e entidades estudantis.
O Partido Colorado
dominava o cenário político do país desde 1947 e sua posição consolidou-se em
1954, quando o general Alfredo Stroessner deu um golpe de Estado impondo uma
brutal ditadura. Esse regime só chegou ao fim em 1989, em um levante comandado
por alguns setores da mesma legenda governista. Estas eleições marcaram o fim
do domínio colorado, com o final dos 61 anos de domínio do Partido, marcados nas
últimas décadas pela corrupção e por suspeitas de irregularidades na
administração. Desde 1954 o Paraguai foi governado pelo general Alfredo
Stroessner, sucessivamente reeleito, sob uma permanente situação de «estado de
sítio». As organizações clandestinas multiplicaram as acções de guerrilha. Em
1987 foi levantado o estado de sítio que durava havia 40 anos. Em 1989, o
general Andrés Rodríguez- Pedotti encabeçou um golpe de Estado de que resultou
a deposição de Stroessner, entretanto refugiado-se no Brasil.
Andrés Rodriguez
anunciou o propósito de restabelecer a democracia e o respeito pelos direitos
humanos. Em 1989 realizaram-se eleições legislativas e presidenciais. Andrés
Rodriguez foi eleito presidente da República, enquanto nas legislativas venceu
o Partido Colorado.
Em 1993 é eleito
presidente Juan Wasmosy. Em 1996 uma revolta militar eclode, mas acaba por ser sufocada.
Raul Cubas Grau, eleito presidente em 1998, demite-se no ano seguinte, depois
do assassínio do seu vice-presidente e de vários motins, exilando-se no Brasil.
Em 1999, as novas eleições dão a vitória a Gonzalez Macchi, que logo em 2000,
teve de enfrentar novo golpe de Estado, chefiado pelo general Oviedo. Em 2003,
Macchi é destituído da presidência pelo Senado, acusado de corrupção. O seu
lugar é ocupado por Oscar Frutos.
Ditadura no Uruguai 1973 - 1984
A Ditadura Civil-Militar no Uruguai
O Office of Public Safety (OPS) dos Estados Unidos da
América começou a operar no Uruguai no ano de 1965. O OPS trouxe à polícia e
aos serviços secretos uruguaios novas técnicas de policiamento e
interrogatório. O chefe dos serviços secretos policiais, Alejandro Otero,
reportou em 1970 a um jornal brasileiro que o OPS, sobretudo o responsável do
OPS no Uruguai, Dan Mitrione, instruiu a polícia uruguaia como torturar
suspeitos, sobretudo com aparelhos elétricos.
O presidente Pacheco
Areco declarou o estado de emergência em 1968, seguida de uma ainda maior
suspensão das
liberdades civis em 1972 pelo seu sucessor, o presidente Juan Maria Bordaberry, que colocou o exército
a combater as guerrilhas. Depois de derrotarem os Tupamaros, os militares
tomaram conta do poder, em 1973, levando o Uruguai a deter, em pouco tempo, a
maior taxa per capita de
presos políticos do mundo. Em 1984 estalaram protestos massivos contra a
ditadura militar. Após uma greve geral de vinte e quatro horas, iniciaram-se
conversações e as forças armadas anunciaram um plano para devolver o poder à
sociedade civil. Nas eleições de 1984, o líder Colorado, Julio María
Sanguinetti ganhou a presidência do país e cumpriu as suas funções entre 1985 e
1990. O primeiro mandato de Sanguinetti implementou reformas económicas e
consolidou a democracia depois dos anos que o país esteve dominado sobre a repressão
militar.
Os Tupamaros, também conhecidos como Movimento de Libertação Nacional (MLN), foram uma
organização de
guerrilha urbana no Uruguai das décadas de 1960 e 1970. O nome deriva do
revolucionário Inca Tupac Amaru.
Começaram com assaltos
a bancos, clubes de armas e outros negócios no início dos anos 1960, depois passaram
a distribuir comida e dinheiro roubados aos pobres em Montevideu. No final dos
anos 1960, envolveram-se em raptos
políticos, "propaganda armada" e assassinatos. Em resposta, as Forças
Armadas uruguaias lançaram uma campanha sangrenta de prisões em massa e desaparecimentos,
dispersando os guerrilheiros que não foram presos ou mortos. Apesar da ameaça
diminuída, o governo civil de Juan María Bordaberry cedeu o governo aos
militares em 1973 em um golpe militar pacífico que levou à continuação da
repressão contra a população e a supressão de todos os partidos de esquerda.
Os Tupamaros retornaram
à vida pública como um partido legal após a restauração da democracia em 1985.
Atualmente, o partido
compreende o maior grupo da coalizão governamental Frente Amplio. Após a
vitória eleitoral de 31 de outubro de 2004, dois antigos Tupamaros, José Mujica
e Nora Castro, tornaram-se presidentes das duas Câmaras do Congresso.
A Suíça da América
No final do século XIX
o país havia completado sua organização e durante a etapa batllista consolidou
sua democracia e alcançou altos níveis de bem-estar, comparados aos europeus.
Devido a isso, o Uruguai começou a ser conhecido internacionalmente como
"A Suíça da América". Uruguai foi o primeiro país a estabelecer por
lei o direito ao divórcio (1907) e um dos primeiros países do mundo a
estabelecer o direito das mulheres a votar. O Uruguai experimentou uma série de
presidentes eleitos e nomeados e entrou em conflitos com estados vizinhos,
flutuações e modernizações políticas e econômicas e grandes fluxos de
imigrantes, provenientes especialmente da Europa. Os militares tomaram o
controle da administração em 1973 e o governo civil só regressou em 1985, um
ano depois de vastos e violentos protestos contra os regimes militares na
América do Sul, inclusive no Uruguai.
Seguiram-se presidentes
dos partidos tradicionais, blancos e colorados, até as eleições de 2004, vencidas pelo candidato Tabaré Vázquez,
apoiado pela coligação de centro-esquerda Frente Amplio. O mandato de Vázquez teve início em
março de 2005.