terça-feira, junho 19, 2012

Maçonaria, Positivismo, Liberalismo e Marxismo

                          A Maçonaria                      
               Apesar de ser mundialmente conhecida como uma sociedade secreta a organização maçônica se autodenomina discreta. Por quê? Segundo os maçons, todos conhecem a existência da sociedade, ou seja, não é secreto para ninguém a sua existência. No entanto, é restrito apenas aos seus participantes os conhecimentos dos símbolos e seus verdadeiros significados, conferindo-lhe assim o título de discreta.
               Atualmente é consenso entre os historiadores que a Maçonaria se originou na Inglaterra. Esta seria descendente das antigas confrarias dos Pedreiros Construtores, hoje chamados de Maçonaria Operativa ou de Ofício. Tratava-se de construtores de igrejas e catedrais categorizados que diferentemente dos servos não permaneciam presos a um determinado feudo. Tais corporações eram fortemente influenciadas pela Igreja, detentora do maior poder político da época.
                Apesar de possuir um ideal universalista, a Maçonaria difere conforme a época e a localidade. Ou seja, a Maçonaria moderna difere da que existia na Idade Média, assim como a Inglesa difere da Escocesa.
Com o abandono da construção como seu objetivo principal, a instituição transformou-se em uma Sociedade de auxílio mútuo, permitindo, a partir de então a entrada de profissionais não ligados a arte de construir, os chamados maçons aceitos. O antigo construtor (pedreiro/arquiteto) tornar-se-ia um construtor social.
              A Franco-Maçonaria, paulatinamente passou a admitir pessoas, em reduzido número, mediante uma rigorosa seleção e a submissão aos seus regulamentos. Eram privilegiados os homens detentores de conhecidos dotes culturais, talento, honra, crença na existência de um único Criador e condição aristocrática. Como não havia templos maçônicos neste período - o primeiro foi inaugurado somente
em 1776 - os maçons reuniam-se em tabernas ou nos adros das igrejas.
            Essa transformação da Maçonaria de Ofício em Maçonaria Especulativa provocaria uma profunda mudança nas corporações. Estabelecia-se uma instituição educativa, filantrópica, filosófica, humanitária e progressista cujo lema seria Ciência, Trabalho e Justiça. Ou seja, a maçonaria trabalharia “para o melhoramento intelectual, moral e social da humanidade” por meio da investigação da verdade e da prática das virtudes sem distinguir religião, raça ou nacionalidade.
                       Organização da Maçonaria
               A organização da maçonaria é dupla, simultânea e independente. Há uma administrativa, correspondente a cada instituição em um determinado país, e uma de graus. Na primeira, os maçons são eleitos anualmente – cargo temporário – enquanto na outra são selecionados – cargo definitivo. Os maçons só podem visitar uma Loja de categoria igual ou inferior a sua. Os graus de aprendiz, companheiro e de mestre constituem a Maçonaria Inferior. Nesta ainda é possível desligar-se. Acima desta, há a maçonaria de altos graus cujo número varia segundo os ritos e a Federação. O rito escocês, por exemplo, praticado pela Grande Loja conserva 33 graus, o número diminui proporcionalmente a elevação.
                   O primeiro presidente dos Estados Unidos, George Washington, era maçom. Depois dele, outros 16 líderes da nação mais poderosa do mundo também foram: a lista inclui John Edgar Hoover, diretor do FBI por 45 anos, e Harry Truman, o homem que autorizou o ataque com bombas atômicas sobre
o Japão. Também fizeram parte da sociedade secreta dois políticos decisivos para a vitória aliada na Segunda Guerra Mundial, o presidente americano Franklin Delano Roosevelt e o primeiro-ministro britânico Winston Churchill. Eram maçons alguns dos mais importantes líderes da Revolução Francesa, como Jean-Paul Marat e La Fayette. O revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi e os libertadores da América espanhola, o argentino José de San Martín e o venezuelano Simon Bolívar, também. O articulador da independência do Brasil, José Bonifácio de Andrada e Silva, pertencia à ordem, assim como o duque de Caxias e nosso primeiro presidente republicano, marechal Deodoro da Fonseca. Por tudo isso, não é exagero afirmar que o mundo em que vivemos foi definido por essa sociedade secreta, que há 300 anos reúne a elite política e militar (e cultural) do Ocidente em rituais cheios de códigos misteriosos.
                  A organização passou a ser conhecida, respeitada, mas, principalmente, temida. Ficava difícil confiar em um grupo de homens ricos e poderosos, de diferentes áreas, que se reuniam a portas fechadas, usavam símbolos esquisitos e faziam juramentos de fidelidade à tal organização e ainda voto de silêncio. Também não ajudou muito o tanto de lendas que surgiu sobre a origem da maçonaria (em 1805, o historiador Charles Bernardin pesquisou 39 diferentes). Tinha para todos os gostos: alguns integrantes da ordem diziam que Noé era maçom, outros transformaram o rei Salomão ou os antigos egípcios em fundadores. Nem os templários escaparam. A Igreja Católica se incomodou tanto que, em 1738, divulgou uma bula papal atacando a ordem, que décadas depois foi perseguida pela Inquisição.



                       O Liberalismo                         
Corrente política que combate o intervencionismo do Estado em todos os domínios. Na economia defende a
propriedade e a iniciativa privada, assim como a auto-regulação econômica através do mercado. Na política preconiza um Estado mínimo confinado a simples funções judiciais e de defesa. 
  • John Locke (1632-1704): Um dos pioneiros do liberalismo, ao defender um conjunto de direito naturais inalienáveis do indíviduo: a liberdade, a propriedade e a vida.
  • Adam Smith (1723-1790): O papel do Estado na económia devia de ser reduzido, sendo esta confiada à auto-regulação do mercado. O Estado deve limitar-se a facilitar a produção privada, a manter a ordem pública, fazer respeitar a justiça e proteger a propriedade.
  • Edmund Burke (1729-1797): O Estado é o pior inimigo da sociedade e da riqueza colectiva. Condena qualquer tipo de intervenção do Estado na Economia.
  • Thomas Malthus (1766-1834): Afirma claramente que o Estado devia limitar-se a proteger os mais ricos, recusando quaisquer direitos aos pobres. O único conselho que lhes dá é que não se reproduzam.
  • Wilhelm Von Humboldt (1767-1835): O crescimento do Estado é associado ao mal. O aumento da burocracia só pode gerar a ruina dos cidadãos. Humboldt defende um Estado mínimo.
  • John Suart Mill (1806-1873): A principal função do Estado é a de procurar promover as melhores oportunidades de desenvolvimento pessoal e social para todos os indivíduos, nomeadamente através da educação 
                                                   Século XIX
                      Na primeira metade do século, os liberais são defensores da propriedade privada, da economia de mercado e da liberdade de comércio internacional. Na segunda metade do século XIX, os liberais passam a exigir que o Estado garantisse a proteção do mercado interno face à concorrência internacional. No final do século reclamam a intervenção do Estado na conquista de novos mercados internacionais e o acesso a regiões com recursos naturais. O Liberalismo passa a andar associado ao Imperialismo. É nesta fase que o Liberalismo incorpora o "Darwinismo social", isto é, a concepção de que o Estado deve apenas centrar-se em criar as condições para que os mais aptos prevaleçam sobre os mais fracos.
                                                    Século XX
                  O liberalismo acabou por conduzir a sociedades europeias liberais para a guerra. Como reacção aos excessos do liberalismo, nos anos 20 e 30 emergem regimes totalitários em nome defesa dos interesses colectivos. A preocupação com as políticas sociais e a regulamentação do mercado estava na ordem do dia. Os Estados crescem em número de funcionários e desdobram-se em múltiplas funções. O Estado- Providência consegue assegurar o Bem Estar à maioria da população em muitos países que o implantam.
                 Em finais dos anos 70, o liberalismo volta a ressurgir. Em nome da globalização apela-se à liberdade de comércio internacional, ao fim do proteccionismo.
                 No plano teórico os liberais incorporaram nos anos 70 a questão dos direitos humanos, e passam a servir-se desta argumentação defenderem coisas muito distintas como o fim das ditaduras, a abertura de mercados, a livre circulação de mercadorias e pessoas, etc.
Neoliberalismo
                A partir da crise do petróleo de 1973, seguida pela onda inflacionaria que surpreendeu os estados de Bem-estar social, o neoliberalismo gradativamente voltou à cena. Denunciou a inflação como resultado do estado demagógico perdulário, chantageado ininterruptamente pelos sindicatos e pelas associações. Responsabilizaram os impostos elevados e os tributos excessivos, juntamente com a regulamentação das atividades econômicas, como os culpados pela queda da produção. O mal devia-se pois a essa aliança espúria entre o Estado de Bem-estar social e os sindicatos. A reforma que apregoavam devia passar pela substituição do Estado de Bemestar social e pela repressão aos sindicatos. O estado deveria ser desmontado e gradativamente desativado, com a diminuição dos tributos e a privatização das empresas estatais, enquanto os sindicatos seriam esvaziados por uma retomada da política de desemprego, contraposta à política keynesiana do pleno emprego. Enfraquecendo a classe trabalhadora e diminuindo ou neutralizando a força dos sindicatos, haveria novas perspectivas de investimento, atraindo novamente os
capitalistas de volta ao mercado.

Alguns princípios básicos do Neoliberalismo
  • Estado: não há teologia sem demônio. Para o neoliberalismo ele se apresenta na forma do estado. estado intervencionista. O Estado deve ser enxugado, diminuído em todos os sentidos. Deve-se limitar o número de funcionários e desestimular a função pública.
  • Mercado: Para o neoliberalismo esse local divino é o mercado. Ele é quem tudo regula, faz os preços subirem ou baixarem, estimula a produção, elimina o incompetente e premia o sagaz e o empreendedor.
  • Regime político: o neoliberalismo afina-se com qualquer regime que assegure os direitos da propriedade privada. O regime político ideal é o que consegue neutralizar os sindicatos e diminuir a carga fiscal sobre os lucros e fortunas, ao mesmo tempo que desregula o máximo possível a economia. Pode conviver tanto com a democracia parlamentar inglesa, como durante o governo da Sra. M. Tatcher, como com a ditadura do Gen. A.Pinochet no Chile. Sua associação com regimes autoritários é tático e justificada dentro de uma situação de emergência (evitar uma revolução social ou a ascensão de um grupo revolucionário).


                        O  Positivismo                          
                     O Positivismo é uma corrente filosófica fundada por Augusto Comte, no século XIX, caracterizada, por uma confiança inabalável nas ciências. De acordo com os seus princípios, somente seria verdade aquilo que pudesse ser explicado pela experiência e observação. 
Augusto Comte
                      A ciência, para o positivismo, deveria preocupar-se apenas em explicar as leis que regem as coisas, as relações que se estabelecem entre elas e as sucessões decorrentes dessa inter-relação, sem, no entanto, indagar o porquê. A origem e a finalidade das coisas, segundo Comte, é um conhecimento inalcançável, já que a doutrina positivista é antimetafísica. E na opinião desse filósofo, a humanidade desenvolver-se-ia através do conhecimento científico
                     Quanto aos ideais positivistas, eles são totalmente influenciados pelas teorias materialistas, pelo cientificismo do século XIX. O Positivismo podem ser entendidos como uma síntese interpretativa e crítica dos conhecimentos da época. Com a supervalorização da ciência, Comte elabora o seu método e divide as ciências de acordo com o seu grau de complexidade, reconhecendo apenas como tal as ciências cuja base está apoiada no experimentalismo e na observação, as quais passou a chamar de ciências positivas. Ele também se aprofunda no estudo da sociedade, definindo que ela somente se transformaria se fossem descobertas as leis que regem as suas relações, excluindo sempre e totalmente os aspectos metafísicos. Como foi ele o primeiro a utilizar o método das ciências naturais nos estudos da sociedade humana, passou a ser considerado como o pai da Sociologia.
                    Sua explicação da história tem por fundamento o critério do desenvolvimento do espírito humano. A partir dessa concepção, ele procede à divisão da história, que é designada como a lei dos três estados.O primeiro estado é o teológicofictício, onde os fenômenos são explicados como tendo origem na vontade de um deus; No segundo estado, que é o metafísico-abstrato, os fenômenos têm origem em forças ocultas e sobrenaturais; E no terceiro estado, que é o do positivo-científico, os fenômenos são explicados pela ciência, considerando, assim, este estado como o último e definitivo do espírito humano, e, seguindo sua lei, a humanidade progredirá.
                 No que se refere aos aspectos sociais e políticos, Comte tem a preocupação de se orientar pela moral, considerando que o homem tem instintos egoístas e altruístas – termo também criado por ele – a humanidade somente poderia viver em sociedade e progredir satisfatoriamente com a existência da paz, dedicação e amor ao próximo. Esses princípios constituem uma lei a qual é exposta na fórmula do “viver para outrem”. Por essa razão, na visão desse filósofo, os instintos altruístas deveriam se sobrepor aos do egoísmo 
                   Nessa corrente filosófica, por conseguinte, também não há lugar para a liberdade de pensamento e para o individualismo. O que há é o entendimento de que para haver ordem, o altruísmo deveria ser o elemento dominante, e que todas as partes deveriam cumprir o seu dever, sempre subordinadas a um poder central, central e forte. Por isso, para Comte, a melhor forma de governo é o da ditadura republicana, cuja administração é centralizada e baseada no saber científico e voltada para o povo. É desses princípios que se origina a fórmula máxima do Positivismo: O amor por princípio; a ordem por base; e o progresso por fim. 
Templo Positivista
                      Após a morte de Clotilde de Vaux, sua grande paixão, Comte atribuiu a si um papel messiânico de regeneração da humanidade. Em 1847, com o aprofundamento dos seus estudos relacionados à humanidade, a quem denominou de grande ser, proclama o Positivismo como religião da humanidade.
                      Nessa religião, os homens deveriam exercer a fé no grande ser, porque somente nele é que o homem encontraria a satisfação de suas necessidades. Acreditava também que, dessa forma, a religião positivista levaria a humanidade ao aperfeiçoamento moral, intelectual e prático. Apesar dela estar baseada no conhecimento racional e científico, a religião possuía rituais, obrigações como, por exemplo, a prática do amor ao próximo.


O  Marxismo
Karl Marx e Engels
Karl Heinrich Marx foi, junto com seu amigo Friedrich Engels, o fundador do marxismo – também conhecido como socialismo científico. Juntos, analisaram a sociedade capitalista a fundo, refletindo sobre as instituições que a regulavam e as relações humanas, para chegar a um conjunto de idéias que serviriam de base para a teoria marxista.
                  O alemão foi autor de muitas obras nas quais defendeu suas idéias. As principais delas são o Manifesto Comunista e O Capital (livros um, dois, três e quatro).
                 O Manifesto Comunista foi escrito em 1848 em parceria com Friedrich Engels. A obra critica a propriedade privada e o modo de produção capitalista – que privilegia os detentores dos meios de produção – e a forma como a sociedade acabou se estruturando em função disso. O Manifesto também busca demonstrar que o proletariado pode organizar-se para reverter essa situação, na chamada luta de classes.
Já O Capital é um conjunto de livros que foi escrito anos depois e somente o primeiro foi publicado enquanto Marx ainda era vivo. Esta obra é considerada um marco do pensamento marxista, pois expõe conceitos econômicos complexos como o da mais-valia, dos diferentes tipos de capitais e da produção capitalista como um todo. 
                    O Marxismo é uma doutrina filosófica, econômica, social e política desenvolvida por Karl Marx e Friedrich Engels no século XIX. Eles analisaram crítica e profundamente as estruturas das sociedades através da história para fundamentar suas idéias – por isso, o marxismo também ficou conhecido como socialismo científico.
                    Marx e Engels acreditavam que a característica central de uma sociedade era seu modo de produção e que ele determinava as condições socioeconômicas (infra-estruturas) bem como a cultura, o regime político, a moral e os costumes (superestruturas). Assim, quando um modo de produção se esgotava, passando a se tornar inviável, e outro surgia em seu lugar, a sociedade se reestruturava. 
Essas mudanças se dariam através das lutas de classes que moldam a história e suas transformações através
dos séculos. Impulsionadas pela dialética, quando uma sociedade expusesse suas contradições e problemas, os homens refletiriam e lutariam por algo novo que buscasse compensar o que houvesse de errado.
                  Marx e Engels constaram, portanto, que a forma de acabar com a desigualdade que existia à época entre o proletariado e a burguesia seria através da luta de classes, com o proletariado fazendo uma revolução e impondo uma ditadura. Somente desta forma, defendiam, a sociedade poderia passar por um processo de socialismo no qual se reestruturaria para, finalmente, dar início à fase comunista onde o Estado e as propriedades deixariam de existir e a sociedade seria igualitária.

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